Na Escola
Crianças aprendem a gostar de comida saudável
Esse ensino começa em casa, mas é reforçado na escola com aulas de nutrição e um cardápio diversificado elaborado por nutricionista
Por: Michele Muller
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A atenção é nossa ferramenta cognitiva mais básica, pois sem ela não acontece a aprendizagem. É também a mais frágil, sujeita a falhas, difícil de ser mantida e facilmente perdida. Precisa lutar diariamente contra velhos inimigos – desconforto físico, preocupação e estresse, dificuldades cognitivas e falta de interesse – e, como se não bastasse, ganhou recentemente um obstáculo forte e poderoso: o smartphone.
Um dos poderes desse oponente, sedutor infalível, que se vale do sistema de recompensa do cérebro para hackear nossa atenção, é de se tornar onipresente: está conosco em todos os momentos e lugares e já começou a invadir as salas de aula, tornando-se o principal rival dos professores na disputa pela vulnerável atenção dos alunos. Uma disputa nada justa, que coloca atividades que demandam esforço geralmente em desvantagem com relação às tentadoras notificações de redes sociais, vídeos engraçados e notificações quase impossíveis de ignorar.
Pelo fato de smartphones não serem apenas um meio de entretenimento, mas acima de tudo as principais ferramentas de pesquisas e de comunicação – muitas vezes entre pais e alunos –, escolas vêm enfrentando o impasse de aceitar ou proibir o uso dos aparelhos em seus espaços.
À medida que os alunos avançam para os últimos anos do fundamental 2, quando parte de sua vida social é transferida para o mundo virtual, separá-los do telefone, mesmo que por algumas horas, passa a ser mais difícil. Por isso, se as regras não são claras, os telefones irão se impor – seja durante as aulas ou no recreio –, prejudicando não apenas o desempenho acadêmico, mas a vida social e o desenvolvimento emocional dos adolescentes.
No Tistu, celulares não são permitidos em nenhum nível. Abaixo, são apresentadas razões que explicam o posicionamento da escola.
Por que nos distraímos
Uma das capacidades que desenvolvemos na escola, desde muito cedo, é a de sustentar a atenção a informações socialmente e culturalmente relevantes, contendo o impulso de desviá-la para informações menos importantes. É uma capacidade aprendida no meio social, em interações com adultos e crianças, e que costuma ser um grande desafio para os educadores.
Quando falamos em prestar atenção, normalmente nos referimos à atenção concentrada, aquela mais difícil de ser sintonizada, pois exige esforço e um alto gasto energético. Por isso, é tão tentador desfocar e voltar-se a um estímulo menos dispendioso. Distrair-se é uma saída que o cérebro encontra para economizar energia, especialmente quando julga a tarefa pouco emocionante para um investimento tão alto.
Quando esse estímulo concorrente não é apenas mais fácil, mas é prazeroso, ignorá-lo não é uma simples questão de falta de vontade ou de autodisciplina. Tal como no mito de Ulisses, que tampou os ouvidos prevendo que não seria capaz de ignorar o canto fatal das sereias, se quisermos evitar estragos, a melhor solução é afastar os alunos dos sedutores chamados das telas, ao menos enquanto estão nas escolas.
Algumas instituições permitem o uso dos aparelhos para pesquisas, restringindo-os para mídias sociais e passando aos alunos a responsabilidade sobre o uso.
O problema é que, mesmo desligados, celulares podem ser distratores. Foi o que concluiu um estudo publicado na revista Social Psychology, em 2014: de acordo com os pesquisadores da Universidade de Maine, a mera presença dos aparelhos prejudicou o desempenho dos alunos em tarefas complexas, o que os levou a concluir que uma abordagem baseada em "longe dos olhos, longe da mente" pode ser a mais indicada em momentos que exigem concentração.
Com os celulares ligados, o prejuízo é considerável, conforme apontou um experimento realizado por professores da Carnegie Mellon University: jovens que mantinham o telefone ligado, recebendo mensagens enquanto exerciam uma atividade, apresentaram desempenho em média 20% abaixo daqueles que mantiveram os telefones desligados.
Custo da alternância
Além de ser facilmente enfraquecida, a atenção concentrada, por consumir tanta energia, é um recurso limitado e dirigido. Isso significa que prestar atenção em várias coisas ao mesmo tempo é uma ilusão: ou estamos focados na explicação do professor ou na mensagem do WhatsApp. O que geralmente conseguimos fazer muito bem é alternar a atenção, passando rapidamente de uma tarefa à outra. No entanto, isso vem com um preço: o chamado custo da alternância.
Isso significa que quando desviamos a atenção para uma informação concorrente, não apenas perdemos o tempo em que nos distraímos, como perdemos uma grande quantidade de energia mental e o tempo que leva para o cérebro "se reconfigurar", lembrar onde parou e sintonizar novamente o modo de atenção mais produtiva, uma retomada que pode levar minutos ou, se o aluno já tem dificuldade de focar, nem acontecer.
A tecnologia traça caminhos sem volta e certamente tem seu lugar na educação. Mas temos informações suficientes para entender que quando se trata de celulares nas escolas, as vantagens são ultrapassadas por prejuízos comprovados, que instituições de ensino não devem ignorar.