Descontração planejada e o exercício da atenção

Por: Escola Tistu

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Artigos de Educação

02 de nov. 2021
Descontração planejada e o exercício da atenção

Por Michele Müller

Como já vimos em artigos anteriores, a capacidade de sustentar a atenção – ou seja, de se concentrar em uma atividade ou explicação – implica em saber ignorar os estímulos irrelevantes. Assim, quando dizemos que a criança não está concentrada, geralmente o que estamos querendo dizer é que ela está dividindo sua atenção entre várias fontes de informação que competem com aquela na qual ela deve estar focada.

Geralmente, uma boa dose de motivação é necessária para que as crianças consigam manter-se focadas. O controle sobre a atenção é difícil até para adultos, mas para elas é ainda mais, pois envolve áreas no cérebro ainda desenvolvimento. Além disso, sustentar a atenção a algo específico por um tempo prolongado é extremamente custoso em termos energéticos. Por isso é normal fugirmos de tarefas que exigem um grande esforço – especialmente se não despertaram muito nosso interesse.

O exercício da atenção concentrada é fundamental para a aprendizagem e sua prática não se restringe à infância. No entanto, esse modo atencional não é o único que nos ajuda a entender o mundo. Os momentos de descontração, em que nossa atenção está mais aberta a vários estímulos – o que chamamos de atenção difusa – também cumprem um papel importante no desenvolvimento cognitivo. O ideal é que eles sejam promovidos de forma a complementar o processo de aprendizagem, revezando-se com períodos de atividades que necessitam de concentração. 

Essas duas formas de atenção trabalham juntas para que a aprendizagem seja eficaz, como um músculo que exercitamos e relaxamos, todos os dias um pouco. O esforço é necessário para que haja a aprendizagem, mas quando esses períodos são quebrados de forma consciente e planejada, com pausas para que o cérebro trabalhe as informações de forma ampla, com menos restrições, aplicando-as em um cenário amplo e muitas vezes mais criativo, tornamos os momentos de aprendizagem mais eficazes e completos.

Confira abaixo algumas dicas que podem tornar os momentos de descontração mais produtivos e favoráveis ao desenvolvimento:


- Intercale momentos de esforço com pausas contemplativas

O ideal, entre crianças, é programar entre 20 e 30 minutos de atividades que requerem concentração, com pausas de 10 a 20 minutos. Pausas planejadas para que a aprendizagem seja processada e aplicada de forma descontraída podem envolver tempo ao ar livre, caminhadas e estímulos sensoriais.

- Planeje atividades sensoriais 

Apresente à criança diferentes texturas, cheiros e formas. Caminhadas, jardinagem, trabalhos manuais e outras atividades que não dependem da linguagem verbal p uso de símbolos ajudam a regular a emoção, facilitam as associações inconscientes que ajudam na aprendizagem e estimulam a criatividade. 

Como costumamos dispensar mais atenção ao novo, explorar novos ambientes pode ser favorável a esse estado contemplativo.

- Determine e limite o tempo de uso de mídias 

Do lado oposto de hábitos que promovem um estado contemplativo estão as tarefas que nos mantém no foco curto e limitado, sem no entanto nos acrescentar nada, como navegar em mídias sociais – as grandes inimigas da nossa atenção e consumidoras de tempo e energia.

Pode ser difícil manter a criança longe das telas, mas é importante que sejam usadas de forma consciente e planejada. Limitar o uso dos aparelhos a horários e dias específicos é fundamental para que seu tempo seja usado de forma a estimular a criatividade e promover o estado mental 

- Apresente o cenário amplo

Antes de apresentar à criança os detalhes de um assunto, possibilite que ela se familiarize com ele de forma descomprometida. Olhe imagens relacionadas, folheie as páginas do livro para ter dar uma ideia do conteúdo. Isso permite que ela faça predições do que irá aprender.



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