Para uma aprendizagem com significado

Por: Michele Muller

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Na Escola

30 de jan. 2024
Para uma aprendizagem com significado

Uma das recentes iniciativas da Caravana Nidubá, grupo de educadores que conta com a participação do Tistu, foi a realização, em janeiro, de um encontro em Barcelona com os educadores e escritores Fernando Hernández e Marisol Anguita, grandes referenciais em educação em Barcelona, com experiência na aprendizagem baseada em projetos, inovação educativa e formação de professores. O evento foi realizado no consulado do Brasil na Espanha e reuniu cerca de 15 professores da Caravana.

Entre os assuntos abordados no encontro, podemos destacar a educação significativa, metodologias ativas e o papel da escola na construção de uma visão crítica, potencial criativo e capacidade de atuar pelo bem da comunidade.

Para os autores, educação com significado é aquela que "que se conecta com a vida dos alunos, envolve-os na construção de sua identidade individual e coletiva e permite-lhes integrar os conhecimentos e competências necessários para agir em prol do bem comum e da justiça social".

Por meio de metodologias ativas e significativas, afirmam, a educação alcança uma dimensão socioemocional, estando em conexão com potencialidades, talentos, interesses e necessidades. Assim são construídas identidades individuais, capazes de agir pelo bem comum.

Em seu livro Uma Pedagogia Desobediente, lançado recentemente pela editora espanhola Octaedro, os educadores mostram que ser desobediente não significa ser incômodo ou rebelde, mas sim questionar o preestabelecido e possibilitar que se abram novas formas de pensar, agir e aprender.

A proposta é dar aos jovens senso de justiça e capacidade para que possam reimaginar o mundo, fabricar alternativas sustentáveis para melhorar a vida das pessoas e proteger o planeta.

Caravana Nidubá e projeto Escolas sem Rótulos

Na contramão de modismos em forma de novas metodologias, resistem algumas escolas que construíram suas identidades com base no amor pelo ensino e pela aprendizagem. Isso significa que oferecem uma formação baseada na criação de vínculos e no respeito às individualidades e ao processo natural de aprendizagem, com um olhar para o coletivo e a sustentabilidade, sem se apegar a fórmulas prontas e aos apelos que transformam a educação em um produto comercial.

São essas instituições as protagonistas do "Escolas Sem Rótulos", coordenado pelas educadoras Joice Risnic e Lourdes Atié, à frente de uma série de projetos educacionais voltados à formação de professores, resultados de décadas de experiência e pesquisas sobre as mais variadas abordagens educacionais pelo mundo.

No Tistu, o aluno é protagonista da sua educação 

Escolhido como um representante das Escolas sem Rótulo em Curitiba, o Tistu 3 recebeu as coordenadoras do projeto juntamente com um grupo de professores de estados do Sul e Sudeste, que integraram a Caravana Nidubá - uma iniciativa das educadoras que visa promover o intercâmbio de conhecimentos entre profissionais que buscam uma educação transformadora e sem rótulos. O encontro, em novembro, rendeu muitas trocas de ideias e deu à escola a oportunidade de apresentar um pouco de seu trabalho na formação de cidadãos conscientes, autônomos e motivados a aprender.

"O Tistu conseguiu mostrar uma delicadeza muito grande, que é o perfil das donas, e uma competência profissional da maior qualidade, além de ter um espaço privilegiadíssimo. O bem-estar que elas nos proporcionaram na escola, acrescido de um trabalho potente, me deu a certeza de que estamos no caminho certo", contou Lourdes Atié, uma das idealizadoras do projeto.

Segundo ela, esse foi o primeiro passo de um grande movimento cujo objetivo é movimentar escolas particulares e públicas que não estão preocupadas em buscar rótulos e, sim, que são "simplesmente escolas". "Isso quer dizer que elas fazem um trabalho diferenciado, colocam as crianças e adolescentes no centro das atenções e são voltadas para o conhecimento, para a convivência e para o cuidado com o meio ambiente.