O corpo, o movimento e a percepção como base para a aprendizagem

Por: Michele Muller

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Artigos de Educação

12 de jun. 2023
O corpo, o movimento e a percepção como base para a aprendizagem

Durante muito tempo, acreditava-se que a mente desenvolvia uma linguagem formada por símbolos abstratos, livres de ambiguidades e independentes do mundo sensorial. Hoje, sabemos que a abstração necessária para compreender a linguagem humana e conceitos lógicos e numéricos não ocorre separadamente, mas sim a partir do corpo.

Aquilo que as crianças percebem nos primeiros anos de vida, vendo, ouvindo e tocando, constitui um repertório que, mais tarde, ajuda a dar sentido a conceitos abstratos. Isso é geralmente feito de forma inconsciente, num processo que chamamos de cognição corporificada.

Com base nas experiências sensoriais e motoras que vão sendo vivenciadas e armazenadas na memória, a mente simula sensações e movimentos ao se deparar com novas informações. São essas relações, normalmente feitas de forma inconsciente, que podemos chamar de aprendizagem.

Portanto, podemos dizer que o conhecimento é uma construção que começa com o corpo. Os primeiros anos de escola são fundamentais para a formação dessa base sensorial, abrindo caminho para aprendizagens mais abstratas.

No Tistu, desde o início da educação infantil, as atividades são pensadas para oferecer às crianças formas diferentes de explorar os sentidos e o movimento, desenvolvendo nelas consciência corporal, propriocepção (capacidade de perceber e orientar o corpo no espaço), coordenação motora e outras capacidades, como atenção e discriminação visual, fundamentais para que, mais tarde, ocorra a alfabetização.

O desenvolvimento do senso numérico também passa pelos sentidos. Em atividades que envolvem cores, formas, quantidades e materiais diversos – de tampinhas a bambolês e cartões de papelão –, as crianças vão construindo o raciocínio que forma a base para o aprendizado da lógica e matemática. Aliás, essas são disciplinas cujo domínio parte sempre do concreto também no ensino fundamental: jogos, peças e materiais que ensinam a pensar e a calcular são recursos indispensáveis no Tistu.

Brincadeiras com materiais concretos ensinam senso numérico 

Há várias formas de trabalhar o senso também em casa a partir de elementos concretos. Eis algumas dicas:

- Aborde em conversas e histórias os conceitos de mais, menos e mesma quantidade.

- Incentive a criança a organizar alguns brinquedos em categorias, adivinhar em qual delas há mais objetos e depois contá-los.

- Na cozinha, peça para a criança contar talheres, brigadeiros, fatias de bolo e distribuí-los de acordo com o número de pessoas.

- Sempre que possível, jogue com a criança. Jogos simples, que envolvem dados, ajudam a criar o senso numérico.

- Não associe rapidez ao raciocínio. A fluência vai acontecendo aos poucos, com a repetição, quando a ansiedade não atrapalha.

- Não corrija a criança sem antes tentar entender seu raciocínio e elogiar suas tentativas.

Confira na galeria abaixo, mais fotos de atividades realizadas nos Jardins 3, 4 e 5.

O uso do movimento e dos sentidos na aprendizagem das letras ajuda no processo de alfabetização 

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