Artigos de Educação
Smartphones devem entrar na escola?
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Por: Michele Muller
|Escolas que promovem educação nutricional combinada com o acesso a refeições balanceadas influenciam os hábitos dos alunos, levando-os a escolhas alimentares mais saudáveis e diversificadas. Essa foi a conclusão de um metaestudo publicado em 2021 na revista Nutrients*, a partir de uma série de pesquisas baseadas em intervenções educacionais voltadas à promoção da saúde e bem-estar. Ou seja, as crianças aprendem a comer bem quando esse ensino acontece de forma consistente e planejada no ambiente escolar.
No Tistu, os lanches e refeições são planejados com auxílio de nutricionista, que se responsabiliza pela qualidade e origem dos alimentos, bem como seu valor nutritivo de acordo com as necessidades das crianças. Esse trabalho considera ainda a diversidade alimentar e a aceitabilidade dos pratos e lanches pelos alunos.
Segundo a nutricionista Mônica Rufino, que assina o cardápio das três unidades do Tistu, a forma como o alimento é apresentado é determinante para que a criança aceite colocá-lo no prato. No almoço, por exemplo, saladas coloridas e arranjadas de forma atraente são sucesso entre os alunos do Fundamental. Já os menores adoram os lanches enriquecidos com palitinhos de pepino e cenoura que eles podem comer com as mãos.
Em todas as refeições, cujos ingredientes vêm de fornecedores selecionados pela nutricionista, doces e frituras dão lugar a assados e frutas. São oferecidas comidas integrais, ricas em fibras e micronutrientes, e preparos diversos com frutas da estação e legumes, além de opções ricas em proteínas. Nos lanches, iogurte e queijo são os preferidos das crianças.
A educação nutricional no Tistu vai além do cardápio. A partir do jardim 1 são realizadas aulas em que a nutricionista apresenta às crianças, sempre com recursos lúdicos, os benefícios dos alimentos para a saúde. Durante esses encontros, elas são encorajadas a experimentar frutas e legumes, em preparos que muitas vezes contam com a participação das turminhas. Outra atração do programa, a feira orgânica promovida na escola, também ajuda a despertar o interesse dos pequenos pelos vegetais, quebrando a resistência que muitos têm em experimentá-los.
A proximidade da nutricionista escolar com as crianças e pais permite que famílias sejam orientadas a respeito de necessidades individuais, como intolerâncias alimentares e resistência a novos alimentos.
Educação e saúde
A combinação do ensino de conceitos da nutrição – em aulas especiais ou de forma interdisciplinar – com a oferta de alimentos nutritivos é proposta pelo Health Promoting Schools (HPS), ou Escolas que Promovem Saúde, um quadro da Organização Mundial da Saúde voltado ao desenvolvimento geral e ao bem-estar físico e mental dos alunos – aspectos que estão inter-relacionados.
De acordo com a entidade, em sua página dedicada ao HPS, crianças e adolescentes passam grande parte do seu tempo na escola, o que leva à necessidade de implantação de programas voltados à literacia alimentar e à oferta de refeições nutritivas.
"As escolas e comunidades escolares têm um papel importante no incentivo à dietas sustentáveis e ao consumo de alimentos produzidos localmente (...) O investimento em uma abordagem nutricional ampla no ambiente escolar resulta em uma melhor educação, saúde e bem-estar dos alunos, além de favorecer economicamente indivíduos e comunidades"**.
A educação alimentar é mais eficaz quando pais e escolas trabalham em parceria. Para ajudar as famílias nesta tarefa, listamos algumas estratégias que podem ser aplicadas no dia a dia:
- Os sabores devem ser apresentados a bebês a partir de seis meses separadamente. Mônica ensina que misturar os legumes em uma papinha pode gerar mais resistência quando, mais tarde, os alimentos forem oferecidos separados.
- Apresente cada alimento preparado de diversas formas diferentes antes de concluir que a criança não o aceita.
- Não deixe de expor a criança a uma grande variedade de alimentos saudáveis mesmo quando ela se mostra resistente. A introdução a novos alimentos requer persistência e paciência.
- Envolva a criança nas diferentes etapas da produção de alimentos: compra, escolha, colheita (quando possível) e preparo.
- Faça das refeições um momento relaxante em família.
- Introduza novos alimentos combinados com aqueles que a criança já gosta, em pequenas variações.
- Seja criativo no preparo dos pratos. A apresentação do alimento conta muito na hora da criança aceitá-lo.
- Planeje as refeições com antecedência. Isso evita estresse diário na hora de preparar a comida e garante mais diversidade de alimentos.
- Prepare smoothies e sorvetes à base de frutas frescas e vegetais, que podem ser adoçados com mel. Além de frutas, como maçã e banana congelada, pode incluir iogurte, sementes de chia e até couve ou espinafre.
*https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34836368/
**How school systems can improve health and well-being